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Transtorno Desafiador de Oposição (TDO): sintoma infantil ou da relação "Pais-filho"?

Foto do escritor: Victor MarãoVictor Marão

Transtorno Desafiador de Oposição (TDO) ou Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é um quadro que se apresenta geralmente em crianças ou adolescentes em idade escolar. A criança que é diagnosticada por esse transtorno apresenta comportamentos hostis, desafiadores, raiva e bastante irritabilidade constantemente. Opõe-se a figuras de autoridade (como pais, professores, orientadores, etc.) e se impõe contra as regras. Elas também, deliberadamente, provocam, atacam e criticam os demais além de terem pensamentos “vingativos” (gostam de devolver na mesma moeda aquilo que sentiram em relação a ação de outro) e manipuladores. Ainda, vale a pena ressaltar, também se percebe nessas crianças a “desresponsabilização” pelos seus atos, sustentando o discurso de que sempre são ou outros os culpados por elas agirem assim.


Bem, antes de mais nada, é necessário que se fale aqui sobre dois aspectos importantes sobre esse indivíduo: o primeiro diz respeito ao porquê a criança desenvolve tal quadro (sob a luz da psicanálise, obviamente), e o segundo em relação aos riscos que essa criança encontrará na vida se tal quadro for negligenciado.


À luz da psicanálise, o TDO seria um prolongamento (ou antes uma derivação) de um comportamento infantil essencial a nossa constituição psíquica: a birra. Ao contrário do que se pensa, a “birra” não é um defeito de caráter da criança, é o recurso que ela tem para exercitar o seu “não” frente ao mundo. É através desse dispositivo que a criança tenta acessar o desejo do outro e descobrir “o que o outro quer com aquilo que ele diz que quer”, ou seja, o que o outro realmente quer dizer quando impõe aquela regra.


Não se pode deixar de perguntar, por sua vez, o porquê da criança ter atualizado a sua birra e a prolongado, ou seja, qual a função de ter se fixado esse conjunto de comportamentos por mais tempo? Ou seja, o que de subjetivo naquele indivíduo justifica a existência de um quadro como esse?


Esse comportamento busca convocar o outro para uma conversa. Uma conversa na qual a criança deseja expressar as suas necessidades emocionais e o transtorno tem a ver com o “não ser escutado”, com a tentativa frustrada de se fazer ouvir, o que se torna, após algum tempo uma quebra de braço constante ou uma briga pelo poder. A criança que não consegue estabelecer essa comunicação emocional com os pais desenvolver um grande sofrimento psíquico dos quais, muitas vezes, os pais não dão conta ou se esquivam, o que piora mais ainda o quadro e pode fazê-lo evoluir.


As consequências de não se cuidar dessa relação “pais e filho” são bastante graves para o futuro dessa criança, pois ela começa a apresentar afastamento das demais crianças (que não suportam o seu comportamento agressivo), dificuldade em se relacionar e notas baixas (por não pedirem ajuda aos amigos e professores, tentando resolver seus problemas sozinhas) além de não falarem sobre suas dores (visto que se sentem ridículas expondo tais afetos).


O uso de fármacos, que vem se tornando mais aceitos e requisitados nos casos infantis, não é a solução, apesar de serem necessários em alguns casos para atenuar os “sintomas”. Dessa forma, entende-se, de forma resumida, que a relação dos pais com o filho é um dos fatores a ser trabalhado em análise fazendo com que os pais tenham consciência de que são parte desse quadro. Aliás, é importante que se diga, as questões emocionais infantis geralmente guardam relação com a dinâmica familiar, ou seja, é a criança que denuncia os sintomas da relação dos pais ou de um dos pais. Mamãe, papai, será que é hora de buscar uma análise? Como vocês lidam com o seu sintoma?

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