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O Uso de Psicofármacos, Análise e Psicoterapia

Foto do escritor: Victor MarãoVictor Marão

As "pílulas mágicas" que fazem sumir o sintoma não são a solução definitiva


Receitados tanto por clínicos gerais quanto pelos especialistas na área (os psiquiatras), os psicotrópicos revolucionaram as representações do psiquismo e das doenças ditas mentais desde sua criação na década de 50. Eles agem sobre o comportamento do sujeito eliminando os dolorosos sintomas do sofrimento psíquico.


Os ansiolíticos e antidepressivos costumam ser os mais receitados e visam trazer bem-estar ao sujeito deprimido e até condições para que o mesmo possa buscar ajuda de um analista ou psicoterapeuta. Não se pode de maneira alguma invalidar os benefícios trazidos à sociedade pelo advento da psicofarmacologia, no entanto, o uso dos psicofármacos tomou grandes proporções e seu uso tem sido feito de forma desenfreada.


A cada momento de conflito que se possa gerar algum grau de ansiedade ou lhe tirar algumas noites de sono, o indivíduo se medica com as “pílulas mágicas”. Será mesmo “anormal” nos sentirmos tristes porque perdemos uma pessoa próxima ou um emprego? É anormal ficarmos angustiados se sofremos um acidente que pode mudar nossa vida? O sofrimento faz parte da condição humana, porém, com o advento desses tipos de fármacos, tentamos extirpá-lo como se não fossem naturais. Cotidianamente, nos encharcamos dessas maravilhas químicas que nada fazem se não adiar o momento do luto. Para que esse sofrimento nunca chegue, tomando mais um antidepressivo, depois mais um, depois mais um...



Como coloca Elisabeth Roudinesco, psicanalista, no seu livro “Por Que a Psicanálise?”, não é de se admirar que cada vez mais os próprios psiquiatras vem advertindo para o uso impulsivo dos psicofármacos e declarando a necessidade de aliá-los a outras formas de tratamento como a análise e a psicoterapia. O psiquiatra francês Jean Delay afirmou, em 1956, que os medicamentos eram somente parte do tratamento da doença mental, mas que o tratamento básico continuava sendo a psicoterapia.


Não se trata de abandonar as soluções medicamentosas como se elas fossem maléficas. Não é isso. A questão preocupante em torno da psicofarmacologia é que seu uso não aliado a uma análise ou psicoterapia devolve à sociedade um homem alienado do significado do seu sofrimento. Apesar de o homem conseguir extirpar de si os sofrimentos psíquicos, isso não quer dizer que ele produz um saber sobre eles e, desse modo, não pode compreender a razão pela qual eles se desenvolveram. A análise ajuda o sujeito na investigação dos desejos inconscientes e na predileção dos seus sintomas. Escolha essa que não é feita conscientemente e que parte da história de vida particular de cada indivíduo, ou seja, cada pessoa apresentará os seus conflitos de forma diferente mesmo se passarem por experiências semelhantes. Estar em um processo analítico ajudará o sujeito a buscar o porquê tais sintomas se apresentam.

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