top of page
  • Preto Ícone Instagram
  • Black Facebook Icon
  • WhatsApp_Logo_1_croped

O Perigo das Redes Sociais

  • Foto do escritor: Victor Marão
    Victor Marão
  • 15 de out. de 2018
  • 3 min de leitura

As redes sociais chegaram como uma forte promessa para aproximar as pessoas, tornar próximo aquele que está á milhares de quilômetros, trazer para o presente e para o alcance dos dedos qualquer um a qualquer momento. No entanto, parece que não estamos preparados para tal tecnologia. Estudos sobre os malefícios das redes sociais pipocam por todo mundo a cada ano. Avalia-se hoje que o uso das redes sociais aumenta o nível de ansiedade e solidão por conta das notificações constantes nos condicionando a checar o smartphone de forma compulsiva várias vezes a cada hora, reduz a nossa capacidade de interpretar as emoções dos outros e agir com empatia, afeta negativamente nossos níveis de felicidade e autoestima ao basearmos nosso sucesso através das curtidas, likes e retweet.


Toda tecnologia é, por sua natureza, neutra. Como o martelo que ajuda a construir uma casa também pode ser usado por Maxwell Edison para assassinar Joan, o mesmo smartphone que te ajuda a buscar o hospital mais próximo, também te ajuda a tornar pública o nude da colega que lhe passou a foto em particular. O que quero dizer é que a tecnologia tomou a forma que tomou não pela possibilidade em si, mas pelas pessoas que dela fazem uso. Tanto de um lado da cena, quanto do outro.


Por um lado, algumas grandes instituições gastam uma grana para conseguir monetizar as informações que colhem, ou seja, as redes sociais são caça-níqueis que oferecem entretenimento em troca da sua atenção e alguns dados (que depois são vendidos para outras organizações que saberão o que lhe oferecer de forma mais assertiva). Chamá-las de caça-níqueis não é uma metáfora, existem profissionais chamados “engenheiros de atenção” que são contratados para utilizarem técnicas para tornar o uso delas o mais viciante possível.


Por outro lado, as pessoas se convertem cada vez mais em simulacros do que gostariam de ser nas redes sociais acreditando que eles as tornarão mais próximas do “eu ideal” delas. Isso não é por acaso, alguns termos já conseguem dar conta desse novo comportamento como, por exemplo, o capitalismo imaterial.

Se antes, segundo Lacan, teríamos as três fases do espelho para constituir o nosso Eu, agora temos uma quarta etapa onde o meu sucesso depende quase exclusivamente da opinião que os outro tem de mim. Hoje, observa-se uma força propulsora que impele o individuo a empreender uma imagem de si como se ele próprio fosse uma empresa com missão, visão e valores. Propõe que ele fale de acordo com aquilo que quer ser reconhecido (e não como se de fato é), se vista como o que quer vender e valorize-se (mesmo que não tenha aquilo) como espera que os outros o valorizem. Essa, segundo uma atualização psicanalítica, seria uma nova etapa para o narcisismo.


Mas, o que deve ser feito diante dessa realidade presente? Se autoconhecer é a primeira fase para que se entenda que desejos são esses em que o capitalismo imaterial pega carona, entender o aumento da ansiedade frente a vida de outras pessoas ou até mesmo o porquê de se importar tanto em postar foto de todos os lugares onde se anda e contar o número de curtidas. Depois, ter consciência do uso que se faz das ferramentas no smartphone pode modificar a sua relação com elas, afinal não se pretende aqui dizer que elas são maléficas, mas que elas são ferramentas sob nosso controle e não sobre o nosso controle.

Comments


bottom of page